quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O segredo do crescimento da Igreja Cristã em suas origens



A minúscula “sinagoga dissidente” iniciada na Galiléia com Jesus de Nazaré e abrigada no “casulo” do judaísmo rabínico por 150 anos multiplicou-se em tempo recorde. E embora real e imprescindível, o cristianismo dos séculos I e II não venceu por ser um movimento organizado de evangelização, liderado por bispos, sacerdotes ou diáconos.

O Cristianismo venceu por causa da sua atuação amorosa, solidária, original, persistente e corajosa na base da pirâmide social e política da sociedade, pela sua atuação entre as pessoas conhecidas como “estrangeiras” ou “paroikoi” (gente sem terra, sem posição social reconhecida, sem os direitos e garantias fundamentais da cidadania)sem cidadania. Essa gente representava pelo menos 80% da população do imenso império romano e cuja vida era trabalho, trabalho, trabalho, sofrimento e violência. Gente composta basicamente por mulheres (particularmente as viúvas!), crianças (particularmente os órfãos!), escravos, ex-escravos, gladiadores e todo tipo de gente doente e pobre.

Nas comunidades cristãs a fé e o amor não eram apenas uma teoria e nem apenas um sentimento, mas serviços e cuidados concretos em prol dos que precisavam de socorro e salvação. As comunidades Cristãs eram conhecidas como “paróquias” (ou seja, a casa dos pobres), onde o Evangelho de Jesus não se transformava apenas em palavras, mas em testemunho visível de fraternidade e em serviço (na prática do bem) ao próximo. Feito no amor e no nome de Deus. Alguns cristãos chegavam ao ponto de venderem-se a si mesmos como escravos para com o dinheiro comprar a liberdade de outros quem eram escravos.

O escritor Eusébio escreve: “os fatos falam por si... todos exaltam o Deus dos cristãos e admitem que os cristãos são de fato os únicos verdadeiramente religiosos e piedosos”. Realmente eram amigos de Deus!

A vida dos cristãos era prova de que seu Deus era vivo e misericordioso. A vida dos cristãos era um sinal claro de que Deus estava com eles e agia através deles. O anúncio do Evangelho se fazia com palavras, mas sobretudo pelo testemunho de amor, ou seja, pelo serviço, o amor que cuida. O segredo do crescimento é a verdadeira evangelização: o amor!

Parem com o barulho (estrépito) das suas canções religiosas; não quero mais ouvir a música de harpas. Em vez disso, quero que haja tanta justiça como as águas de uma enchente e que a honestidade seja como um rio que não pára de correr “, diz o Senhor em Amós 5:23-24. “Quem ama o próximo cumpre a lei” de Deus (Rm 13:8).

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(Texto de Eduardo Hoornaert extraído das páginas 83 a 95 do livro “História da Cidadania”, Editora Contexto – adaptado pelo Pr. Ronan Boechat)

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