sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Amanhece (Ronan Boechat de Amorim)


Neste dia de prata
com estrelas de ouro
hás de coroar teu corpo
e fazer desta grandeza
uma tímida galáxia.

Eu, teu jovem anjo sem asas,
abrir-te-ei meu riso,
dar-te-ei meu peito
e toda a tua luz
acordará meu sonho,
acordará meu ser,
acordará meu tempo!

Nada sobrará, nada
faltará a nosso anseio,
e estaremos tão calmos,
tão certos, tão humanos,
como anoitecendo.

Amanhece.
Amanheço em ti, pensando.
Amanheço, em ti pensando.
Sentes.
Amanheço.
Amanheces.
Amanhecemos.

E nossos olhos se olham
contemplando o milagre desse dia,
desse encontro,
desse amanhecer.
Nossas vidas riem
na segurança quente de um abraço rente.

Então caminhamos,
ombro a ombro no passo a passo.
Um horizonte de pontes e beijos se estende
por nossos corpos entrelaçados
de afeto, de perfume,
de noite vivida às claras.

Dia ou noite lá fora,
não sabemos.
Apenas num jogo
de luz e riso
e silêncio
nos embalamos.
Se o sol nasce, se o sol desce,
num gozo imenso
adormecemos
onde corremos, onde voamos,
não sabemos;
sonhamos, sonhamos.

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