terça-feira, 28 de outubro de 2008
Confissões de um divorciado cristão
Ó Deus, não devia ter me casado com Eliana. Tanto ela como eu estávamos muito imaturos ainda. O casamento não deu certo. Os acordos que fizemos na empolgação inicial não funcionaram. Nosso matrimônio durou apenas sete anos e como foi difícil chegar até aí!
Confesso que eu não deveria ter sido tão mandão como fui. Os pastores pregavam mais sobre a submissão da mulher ao marido (1 Pe 3.1-6) do que o trato com discernimento e delicadeza que o marido deve a ela, em benefício de suas próprias orações (1 Pe 3.7). Creio que o machismo enraizado nos pregadores unilaterais e em mim mesmo me impediram de ler nas Escrituras que os maridos devem amar as suas esposas como a seus próprios corpos e como Cristo amou a sua igreja(Ef 5.25-33). Quando cheguei a entender o que é submissão feminina dentro de um amor masculino, como o de Cristo, já estávamos viciados demais para alguma mudança. Raramente a tratei com delicadeza.
Senhor, fui muito ignorante, pois praticamente nunca me preocupei com a satisfação sexual de Eliana. Eu pensava que isso era só para homens e que a mulher era mero instrumento para os meus incontroláveis apetites sexuais. Não me deitei com Eliana quando ela emitia sinais de que desejava deitar-se comigo. Fazia-me de mal-entendido e só a procurava quando a vontade era minha e não dela.
Sou obrigado a confessar que fui mais delicado com outras mulheres do que com Eliana, na presença ou na ausência dela.
Em nenhum dia cometi adultério contra Eliana, mas fui longe demais com minhas amizades com outras mulheres, provocando algo insuportável para ela: insegurança, amargura, complexo e ciúmes.
Quando as coisas foram se agravando, não dialoguei com ela, não pedi desculpas, não reconheci, pelo menos na presença dela, minha ignorância, meus equívocos, meus erros e meus pecados. Fomos nos separando cada vez mais, sem o percebermos.
Confesso que fui levado a esses problemas ate à exaustão, até à ruptura irreversível, sem ter coragem e a humildade de procurar um pastor, meus amigos mais íntimos, ou, quem sabe, um terapeuta de formação cristã.
Agora, ó Deus, que ela pediu divórcio e se foi e não pretende voltar, e eu também já me acostumei sem ela e não quero continuar só, confesso o pecado todo, desde o início, com lágrimas, com perdas para ela, com perdas para mim e com perdas para a igreja do Senhor Jesus.
Sei, pela Bíblia, que o único pecado não perdoado é a blasfêmia contra o Espírito Santo (Lc 12.10). Baseado nesse versículo e em todos os outros que prometem perdão pleno para quem confessa sinceramente seu próprio pecado (1 Jo 1.9), posso esperar o teu perdão, ainda que sofra por algum ou muito tempo as conseqüências de meus desvarios?
Posso também, no tempo certo, casar-me outra vez, com uma mulher solteira ou viúva e começar tudo direitinho, sem perder qualquer privilégio da igreja, exclusivamente por tua infinita graça, depois de confessar meu fracasso às pessoas de minha intimidade, como acabo de fazer?
OBS: Franco Silveira não existe. Essa confissão é fictícia.
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Extraído de:
http://www.ultimato.com.br/revistas_artigo.asp?artigo=459&sec_secaoMestre=518&edicao=265
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