quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Natal: Deus é fiel! Aleluia! (Ronan Boechat de Amorim)



Segundo o calendário litúrgico cristão, o período do Natal vai de 25 de dezembro até o dia 6 de janeiro, dia em que o menino Jesus é reconhecido e adorado pela primeira vez, pelos magos do oriente (cf. Mt 2:1-12). Por isso o dia 6 de janeiro é popularmente conhecido como o “dia de reis”.

O Natal de Jesus aconteceu no lugar muito pobre. Seu primeiro berço foi uma manjedoura, um cocho, uma vasilha geralmente feita com um tronco de madeira escavada, onde se coloca a comida do gado. Para o milagre acontecer não há necessidade de riqueza, ritos, correntes, ofertas... mas apenas a fé das pessoas que confiam em Deus e acreditam que nosso Deus age como e onde quer. Maria e José, os pastores, os magos, Simeão creram, e por isso viram a glória de Deus. Onde há corações crentes, milagres operados por Deus acontecem.

Os milagres de Deus são sinais que acompanham os que crêem (Mc 16:17-18). E podemos ver ao longo do Evangelho de João, do livro de Atos e de toda as Escrituras Sagradas, que nosso Deus é poderoso e bondoso, e também age de modo sobrenatural. Milagres não são coisas de pentecostais, mas sinais de Deus na vida e na comunidade do povo crente em Deus. Para quem crê em Deus não há necessidade de se explicar os milagres. Para quem não crê, nenhuma explicação é suficiente.

O menino Jesus nos ensina que não importa nossa força, poder e destreza, mas sim o poder de Deus que atua em nós e através de nós.

Contra os poderes do egoísmo, violência, império romano, mal, diabo e morte, Deus não manda um super-herói nem se encarna na figura e na destreza de um. Ele vem em forma de um bebezinho frágil, dependente em tudo de Maria e José. Podemos dizer que Deus ironiza, ridiculariza, desdenha e despreza o poder do mal. “Do seu trono lá no céu o Senhor ri e zomba dos maus” (Salmos 2:4). “A loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte que os homens” (1Co 1:25). Deus ao encarnar-se em Jesus, nas palavras do poeta Geraldo Vandré, “acredita nas flores (amor, compaixão...) vencendo os canhões”.

Confie, portanto, no amor de Deus. Entregue o teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais Ele fará (Sl 37:5). Deixe as luzes, as cores, as alegrias e a graça do Natal encherem sua vida. Deus é fiel! (1Co 10:13).

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Feliz Natal


Encontraram-se a graça e a verdade,
a justiça e a paz se beijaram.
Da terra brota a verdade,
dos céus a justiça baixa o seu olhar.
Também o Senhor dará o que é bom,
e a nossa terra produzirá o seu fruto.
A justiça irá adiante dele,
cujas pegadas ela transforma em caminhos.
(Salmo 85.10-13)

É nessa esperança que vivemos, e caminhamos. E na caminhada ao longo de 2008, pudemos contar com o apoio de muita gente. Muito obrigada a você que nos apoiou com palavras de incentivo, orações, carinho.

Que você tenha um Natal na Paz que excede todos os limites humanos e sinta a misericórdia do Senhor renovando-se a cada manhã no novo Ano que se inicia.

Natal


Sempre que duas pessoas se perdoam, é Natal.
Sempre que somos capazes de demonstrar carinho e sensibilidade para as crianças, é Natal.
Sempre que prestamos socorro a um de nossos semelhantes, é Natal.
Sempre que nasce uma criança, é Natal.
Sempre que nós tentamos dar um novo sentido às nossas vidas, é Natal.
Sempre que nós olhamos alguém com os olhos do coração e com um sorriso nos lábios, é Natal.

Pois, é nascido o amor.
Pois, é nascido a Paz.
Pois, é nascido a justiça.
Pois, é nascido a Esperança.
Pois, é nascido a alegria.
Pois, é nascido o Cristo, o Senhor!
Nós desejamos a todos voces um Natal abençoado
e um novo ano repleto de alegria!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Começar de novo - um poema de quem perdeu muito nas tragédias de Santa Catarina

Eu tinha medo da escuridão.
Até que as noites se fizeram longas e sem luz.
Eu não resistia ao frio facilmente.
Até passar a noite molhado numa laje.
Eu tinha medo dos mortos.
Até ter que dormir num cemitério.
Eu tinha rejeição por quem era de Buenos Aires.
Até que me deram abrigo e alimento.
Eu tinha aversão a Judeus.
Até darem remédios aos meus filhos.
Eu adorava exibir a minha nova jaqueta.
Até dar ela a um garoto com hipotermia.
Eu escolhia cuidadosamente a minha comida.
Até que tive fome.
Eu desconfiava da pele escura.
Até que um braço forte me tirou da água.
Eu achava que tinha visto muita coisa.
Até ver meu povo perambulando sem rumo pelas ruas.
Eu não gostava do cachorro do meu vizinho.
Até naquela noite eu o ouvir ganir até se afogar;
Eu não lembrava os idosos. Até participar dos resgates.
Eu não sabia cozinhar. Até ter na minha frente uma panela
com arroz e crianças com fome.
Eu achava que a minha casa era mais importante que as outras.
Até ver todas cobertas pelas águas.
Eu tinha orgulho do meu nome e sobrenome.
Até a gente se tornar todos seres anônimos.
Eu não ouvia rádio.
Até ser ela que manteve a minha energia.
Eu criticava a bagunça dos estudantes.
Até que eles, às centenas, me estenderam suas mãos solidárias.
Eu tinha segurança absoluta de como seriam meus próximos anos.
Agora nem tanto.
Eu vivia numa comunidade com uma classe política.
Mas agora espero que a correnteza tenha levado embora.
Eu não lembrava o nome de todos os estados.
Agora guardo cada um no coração.
Eu não tinha boa memória.
Talvez por isso eu não lembre de todo mundo.
Mas terei mesmo assim o que me resta de vida para agradecer
a todos.
Eu não te conhecia.
Agora você é meu irmão.
Tínhamos um rio.
Agora somos parte dele.
É de manhã, já saiu o sol e não faz tanto frio.
Graças a Deus, Vamos começar de novo.
É hora de recomeçar e talvez seja hora de recomeçar não só
materialmente.
Talvez seja uma boa oportunidade de renascer, de se
reinventar e de crescer como ser humano.
Pelo menos é a minha hora, acredito.
Que Deus abençoe a todos.

Luis Fernando Gigena

(Depoimento de um funcionário da Perdigão, da cidade de
Itajaí - SC, uma das mais afetadas pelas enchentes e
desmoronamentos.)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008