quarta-feira, 29 de outubro de 2008

As quatro faces da ética (Artur da Távola)

Concreta e objetivamente, concebo o comportamento ético em quatro níveis que devem operar de modo integrado, integrante e integrador:
a) a ética do comportamento individual;
b) a ética do comportamento público;
c) a ética das responsabilidades; e
d) a ética dos objetivos ou das finalidades.

Um indivíduo irrepreensível no seu comportamento pessoal pode ser paupérrimo no tocante aos objetivos ou finalidades de sua vida. Pessoas éticas no tocante a seu comportamento público podem exibir incompreensíveis egoísmos ou autoritarismos no comportamento pessoal. E assim por diante.

Não se pode, portanto, tomar o comportamento ético por uma de suas vertentes. Visão evoluída, madura e equilibrada do problema levar-nos-á a buscar a adequada integração entre as várias formas
através das quais o comportamento ético se manifesta. Assim:

A ÉTICA DO COMPORTAMENTO INDIVIDUAL: tanto regula os atos individuais externos como as formas psicológicas e interiores de tratar e conceber a individualidade, o ser, a espiritualidade. Exige intenso e diário trabalho interior e seus problemas e conflitos em geral aparecem sobre a forma de enigma.

A ÉTICA DO COMPORTAMENTO PÚBLICO: cabe a pessoas direta ou indiretamente relacionadas com a coletividade. Ela junta os padrões da ética de comportamento individual com os aspectos legais, regulamentares e a subordinação sempre crítica (e reflexiva) aos postulados do bem comum.

A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE : é de difícil caracterização verbal. Implica na energia necessária ao cumprimento dos deveres e tarefas pessoais ou públicas, compatíveis com o nível de responsabilidade característicos de cada vida. Exemplos: paternidade, maternidade, chefias, postos de mando ou condições de influência (políticos, jornalistas, comunicadores, sacerdotes). Há uma ou várias responsabilidades relacionadas com compromissos assumidos ao longo da vida.

A ÉTICA DOS OBJETIVOS: é das mais complexas e profundas. Representa a escala de valores dentro da
qual o indivíduo seleciona as finalidades e os objetivos tanto da própria vida quanto de sua ação pública. Representa a subordinação aos grandes princípios da vida: a liberdade, a fé, a justiça, o amor. Quanto maior a compreensão temos, maior a escala dos compromissos éticos com as finalidades e objetivos de cada vida.

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