Outro dia, alguém me perguntou se eu mudaria tudo na minha vida se pudesse começar minha vida novamente. Respondi que não, mas depois comecei a pensar mais detalhadamente naquela situação.
Se pudesse viver mais uma vez, ia falar menos e ouvir mais. Convidaria mais amigos para jantar, mesmo com o tapete manchado e o sofá desbotado. Ia comer pipoca na sala ou no quarto, tranqüilamente, e não ia dar quase importância nenhuma à sujeira quando alguém, por exem-plo, resolvesse acender a minha lareira. Ia arranjar tempo pra ouvir o meu avô contar sobre a mocidade dele; e não ia chiar nem um pouco quando alguém resolvesse abrir o vidro do carro no verão, mesmo desmanchando meu cabelo cheio de laquê.
Acenderia aquela vela bonita que guardo com cuidado para algum momento muito especial antes que ela amolecesse no calor do armário... quem sabe num jantar à luz de velas com amigos!? Sentaria na grama com meus filhos sem me importar com as manchas na roupa. Iria rir e chorar menos na frente de uma televisão e gastaria mais tempo fazendo coisas, vendo gente, conversando, observando a vida.
Dividiria mais as responsabilidades do meu marido com ele. E as minhas com ele. Não ia me mover da cama quando me sentisse doente, em vez de ficar achando que o mundo ia parar se eu não fosse trabalhar naquele dia. E não compraria nada só por ser prático, por ser novidade ou por ter garantia por toda a vida.
Em vez de me chatear com os nove meses de gravidez, iria curtir cada momento e atentar para a maravilha de um ser crescendo dentro de mim: a chance de assistir Deus fazendo um milagre tão próximo... E quando meu filho viesse me beijar intempestivamente, nunca mais diria: "Depois! Vá se lavar para o jantar."
Haveria mais "eu te amo" e mais "sinto muito" também... Mas espe-cialmente se tivesse outra oportunidade de viver, eu agarraria cada minuto, ia olhar para ele e percebê-lo de verdade... vivê-lo... e jamais dei-xá-lo ir assim, sem mais sem menos.
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