Nós andamos pelos becos, pela rua escura
onde os cachorros latem com fome;
Nós andamos pelo porto à procura de pão
onde os almirantes nos repelem.
Nós andamos na chuva, no meio da lama
e os guarda-chuvas não nos protegem.
Nós somos aqueles sem destino
que onde há trabalho é pra lá que vamos
Nós somos o fruto da escravidão disfarçada.
Os descendentes de Lampião
somos os desempregados da cidade
que a polícia espanca e o povo evita.
Somos os famosos desempregados peões.
Nós andamos noite e dia
e o filho do barraco de madeira velha
chora a falta de leite e pão
E a mulher se vende para alimentá-lo.
Já que eu, peão, estou sem trabalho
Sem dinheiro e sem condição e sem condução
Somos todos diferentes do dinheiro
e do carro preto e branco
somos os piratas roubados, num navio furado
e sem canhão e sem direção
e sem ter onde atracar.
Já que a terra está dominada pelos soldados do rei
somos os tristes nômades da cidade
o beco é nosso refúgio e o Nordeste um sonho
o pão é o alimento procurado e roubado das mãos
Nós somos os tristes e famintos peões
e não sabemos como sair desta situação.
O rei tem a faca e o queijo
e nós só temos é desolação,
escravidão,
opressão...
Somos tudo, menos gente.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
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