Deus está sempre um pouco mais longe do lugar ao qual chegamos. É a dimensão que sempre nos falta. Se transcendemos, Ele está no pássaro. Se baixamos, Ele transcende. Quando tudo chama pelo realismo, Ele indica: "Vê além de ti." Quando cai a tarde ou explode o dia, e Ele está na flor ou no orvalho, simples, logo ali no que percebemos, Ele se transporta para o indefinível, para o além de nós.
É preciso ser criança para entendê-lo; adulto, para senti-lo e não racionalizar. Deus é a dimensão do mistério. Ele se revela, onde pensamos que se esconde. Ele está naquela estrela e ali na esquina, com o jornaleiro que conversa. Ele está no cosmos e nas prisões. Está nos veementes, nos silenciosos, na face suada do escravo. Ele está nos agonizantes, porque estes atestam a Vida. Está nos vitais, nos anacoretas e nos ignorantes que conhecem os caminhos da sabedoria. Está nos que perdoam. Desapareceu dos que matam. E só Ele sabe por que, como e quando se revelará...
Deus é a minha fala que quase nada diz. Mas é meu silêncio que tudo diz, pois a Totalidade é silenciosa. Deus é a vibração de uma luz que não vejo, mas alcanço, porque está latente no homem que intuiu. Ele é a minha procura, nova a cada encontro. É meu fluxo de vida, minha amargura tanto quanto minha alegria, porque está na dimensão do que não tenho, mas sei que existe porque dele me fala o mistério da amarga mas perfumada trajetória, átomo da eternidade, fagulha de esperança, a que chamamos VIDA.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
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