sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Despedida (Gibram Khalil Gibran)

Breves foram meus dias entre vós,
e mais breves ainda as palavras que pronunciei.
Mas, se um dia, minha voz desvanecer-se em vossos ouvidos
e meu amor evaporar-se de vossa memória,
então voltarei a vós.
E com um coração mais fecundo
e lábios obedientes à voz do espírito, falar-vos-ei de novo.
E embora a morte me oculte, e o grande silêncio me envolva,
procurarei novamente vossa compreensão.
Se algo do que vos disse for verdade,
essa verdade vos será revelada com voz mais sonora
e em palavras mais acessíveis ao vosso entender.
E se este dia não foi realização de vossas aspirações e de meu amor,
fique ao menos como promessa de um encontro futuro.
Transformam-se as necessidades do homem,
mas não seu amor, não seu desejo de ver suas necessidades satisfeitas pelo seu amor.
A neblina, que desaparece ao alvorecer, deixando somente orvalho nos campos,
eleva-se, condensa-se em nuvens e cai sobre a terra como chuva.
E não diferente a neblina tenho sido eu.
Se essas palavras forem vagas, não as procurei esclarecer.
Escuro e nebuloso é o começo de todas as coisas, mas não seu fim.
E eu prefiro que vos lembreis de mim como um começo.
Quando vos lembrardes de mim, assim gostaria que vos lembrásseis:
Que aquilo que parece o mais fraco e desorientado em vós é,
na realidade, o mais forte e decidido...

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