Interessante canção que chegou às finais do Festival de Música da TV Cultura de 2005, carregada de uma grande dose de crítica social.
CLASSE MÉDIA
Sou classe média
papagaio de todo telejornal
eu acedito
na imparcialidade da revista semanal.
Sou classe média
compro carro e gasolina no cartão
odeio "coletivos"
e vou de carro que comprei à prestação.
Sópago impostos
estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco
no máximo um pacote CVC - tri-anual
Mas eu não "tô nem aí"
se o traficante é quem manda na favela
Mas eu "tô nem aqui"
se morre gente ou tem enchente em Itaquera.
Eu quero é se se exploda
a periferia toda.
Mas fico indignado
quando sou incomodado
pelo pedinte esfomeado
que me estende a mão.
O para-brisa ensaboado,
é camelô, biju com bala
e as peripécias do artista
malabarista do farol.
Mas o assalto é em "Moema"
o assassinato é só nos "Jardins"
e a filha do executivo é estuprada até o fim.
Aí a mídia manifesta
a sua opinião regressa
de implantar pena de morte
ou reduzir a idade penal.
E eu que sou bem informado
concordo e faço passeata
enquanto aumenta a audiência
e a tiragem do jornal.
Mas eu não "tô nem aí"
se o traficante é quem manda na favela
Mas eu "tô nem aqui"
se morre gente ou tem enchente em Itaquera.
Eu quero é se se exploda
a periferia toda.
Toda tragédia só me importa
quando bate à minha porta
porque é mais fácil condenar
quem já cumpre pena de vida.
Sou classe média...
sábado, 1 de novembro de 2008
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