terça-feira, 18 de novembro de 2008

Avivamento é trabalho (Oséas Porto)

Entendendo que a minha missão como pastor da Igreja Metodista aqui na Baixada Fluminense é em razão do bem espiritual e material de nosso povo, é que passo a escrever estas poucas linhas aos irmãos e irmãs de nossas Igrejas e a quem mais possa interessar. Com base no que o Senhor Jesus disse e Lucas registrou em Lc 7:14b, creio que é necessário refletirmos e colocarmos as coisas nos seus devidos lugares.

Fala-se muito em avivamento. Realmente todos desejamos que o Senhor da Igreja nos mande um grande avivamento. Mas que tipo de avivamento estamos desejando? É barulho? É um crescimento numérico sem a disciplina da santidade e da missão e sem a doutrina dentro dos parâmetros bíblicos e do Metodismo histórico? Crescer a qualquer preço, mesmo que mais tarde a falta de doutrina sufoque a unidade e a falta de unidade divida a Igreja? Ou será que pensamos num avivamento de amor, fruto de quebrantamento, de busca da graça, de entrega total da vida nas mãos soberanas de Deus e do serviço ao próximo que padece na miséria do pecado e da pobreza?

Deus tem confirmado na minha vida sua unção. Sou Batizado com o Espírito Santo. Creio portanto que o Senhor da Igreja fará sua Igreja crescer! Mas crescer com os redimidos que o Senhor nos acrescenta dia e dia e não pelos curiosos que se aproximam querendo show. Gosto de um culto fervoroso, animado; onde o povo louva com muita alegria no coração e na alma pela presença e pela salvação do Senhor. Gosto do barulho dos louvores, das orações comunitárias, da expressão de fé. Mas barulho e avivamento são diferentes.

O Senhor tem mostrado a mim e a minha comunidade de fé que o avivamento bíblico é fervor, é poder, é missão. Temos experimentado tudo isto e algo mais: o avivamento que Deus quer dar a sua Igreja é aquele que também leva a Igreja, seu Povo, para fora das quatro paredes afim de que se envolva nas lutas do nosso povo que sofre e padece como ovelhas sem pastor. Lutando ao lado e junto com os movimentos populares, exigindo de nossas autoridades em todos os níveis de governo direitos fundamentais à vida tais como saúde, moradia, educação, habitação, justiça, terra. Há muitas lutas justas nas quais Deus quer se envolver através de sua Igreja. E sua Igreja é chamada para revelar a Palavra de Deus, a vontade de Deus nestas situações e para somar forças pra fazer prevalecer a vontade do Senhor.

Na prática de nossa fé está o dever de exercer o testemunho consciente tão claramente anunciado e exigido no Evangelho: "Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, não sois dignos do Reino dos Céus" (Mt 5:20). Certamente um caminho obrigatório para que nossa justiça exceda à dos fariseus e escribas é quando denunciamos profeticamente o pecado e como ele se manifesta em nossa sociedade, colocando-nos ao lado dos fracos, oprimidos e deserdados por esta sociedade construída sobre os alicerces da violência, da ganância e da concorrência desleal, excludente e vazia de fraternidade. Denunciando a discriminação e a violência contra os meninos(as) de rua, contra as viúvas, órfãos, aposentados, encarcerados, favelados, deficientes mentais, etc. É preciso denunciar a violência contra a mulher, contra o pobre, contra a criança, contra o idoso. É preciso denunciar a corrupção no governo e em todos os níveis de vida: espalhar a santidade bíblica por toda a terra. É preciso exorcizar este sistema econômico que leva as pessoas à miséria... As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja de Jesus!

Deus está exigindo que seu povo tome uma posição em seu nome dia a dia nesta sociedade em favor da justiça, da verdade, da solidariedade, do Evangelho. Jesus com sua mensagem e com sua vida nos ensinou isto. Por que alguns avivamentos levam algumas pessoas a serem mais parecidas com os fariseus do que com Jesus? John Wesley foi um homem avivado, não só no culto dentro das quatro paredes nem nas pregações ao ar livre. Ele e os metodistas de seu tempo eram fervorosos combatentes da escravidão, da exploração da mão de obra barata da mulher e das crianças nas minas de carvão e na indústria manufatureira. Combateu o alcoolismo e as pessoas que se enriqueciam vendendo e fabricando o álcool. Avivamento de Deus não é conforto pra crente preguiçoso e medroso, mas é serviço, muito serviço pra ser feito no nome de Deus. É pra isso que Ele unge, capacita e dá poder ao seu povo. Queremos terra, saúde, habitação e vida abundante na terra, pois como salvos já temos terra, lugar, saúde e vida eterna nos Céus!

Oro para que sejamos avivados, cheios de poder e vida para servir a Deus e não apenas para que nos sirvamos de Deus e seus cuidados e bênçãos! Que sejamos como John Wesley, que foi como o Apóstolo Paulo, que foi como Jesus, que era varão perfeito diante de Deus.

Nenhum comentário: